
HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO
Não é difícil imaginar cenários de atendimentos realizados por profissionais da saúde em que falhas de comunicação sejam o motivo da insatisfação por parte dos pacientes. Nesse contexto, percebemos que a integralidade do atendimento tem base, sobretudo, na habilidade de escutar ativamente o outro, à medida que um ambiente confortável para o acolhimento e sentimento de pertencimento é despertado no interior de quem é cuidado.
Para isso, é necessário que tecnologias leves de cuidado sejam exercidas, já que a capacidade de diagnóstico precoce visando prevenir agravos, de reconhecimento de situações socioambientais que comprometam a saúde, de estabelecimento de vínculo visando à transformação, de sensibilização, de motivar o paciente para adesão aos cuidado à saúde e de educar a comunidade fortalecendo seu empoderamento são objetivos que devem ser alcançados por quem deseja ser mais assertivo nas estratégias terapêuticas (CERON, 2012).
Em relação ao processo de comunicação, nota-se que se o profissional deter algumas qualidades durante o atendimento uma comunicação melhor poderá ser feita, tais como: reatividade: estabelecer a conversa em um ritmo condizente ao ritmo do paciente, buscando não o interromper ou deixá-lo falando sozinho; e assertividade: o profissional da saúde deve buscar ter segurança nas suas decisões, expondo-as de forma clara e objetiva, para que não haja dúvidas para o paciente do que está sendo dito (CERON, 2012).
Além disso, durante a entrevista clínica, as maneiras de escutar e falar são observadas pelo paciente, fazendo com que este possa ter um interesse maior ou menor sobre o diálogo que está acontecendo. A primeira maneira diz respeito aos sinais faciais exercidos pelo profissional de saúde de acordo com o que está sendo contado, dessa forma, mudanças sincrônicas com as reações do paciente são necessárias, demonstrando que há interesse pelo profissional sobre o relato. Já a segunda está associada aos hábitos vistos como negativos pelos pacientes que são feitos pelo profissional de saúde, tais como: colocar a mão sobre a boca, falar pausadamente, direcionar o corpo para trás de forma brusca (CERON, 2012).
Compreender as dimensões verbais e não-verbais do paciente, acolhê-lo com respeito e empatia, dar tempo para que ele reflita sobre seu relato, diferenciar a queixa da causa dos problemas para que seja ofertada uma estratégia terapêutica ampla e complexa para o paciente, perceber a forma de entendimento do mesmo acerca do que é discutido é fundamental para que a comunicação seja eficaz. Por outro lado, é importante evitar: pressupor a vivência do paciente, exercer um modelo de cuidado meramente técnico, introduzir informações de forma precoce, não cumprimentar adequadamente o paciente, culpabilizar a pessoa durante o relato das suas inquietudes (BORREL-CARRIÓ, EPSTEIN, 2004).
Autor: Vinícius Barbosa dos Santos Sales
Referências:
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BORRELL-CARRIÓ, F.; EPSTEIN, R. M. Preventing Errors in Clinical Practice: a Call for Self-Awareness. Annals of family medicine, v. 2, n. 4, 2004.
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CERON, M. Habilidades de comunicação: abordagem centrada na pessoa. 2012. Disponível em: http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unidade24/unidade24.pdf. Acesso em 12 jan 2021.