
MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA
Você certamente já ouviu falar sobre o “modelo biomédico” praticado na Medicina: historicamente, ele prioriza as doenças e seus processos diagnósticos, bem como padrões sintomáticos, em detrimento do paciente//da pessoa que sofre com essas questões.
É esse o modelo médico mais convencional, e consequentemente o mais ensinado nas instituições de formação médica. Ele se desenvolve de modo a entender os problemas de saúde objetivos, sem se aprofundar na subjetividade do paciente – o que o torna bastante insuficiente quando o assunto é resolver as queixas referidas em consultas.
Em contrapartida, desde a década de 70, tem-se discutido, trabalhado, aperfeiçoado e posto em prática um novo conceito: o da “medicina centrada no paciente”, que incorpora ao saber médico a sabedoria - além das objetividades da doença – sobre o ambiente, o contexto social, a vida, a família do paciente e etc.
Nasce daí, então, um novo modelo conhecido como Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP). Aqui, podemos dizer que o médico tem tarefa dupla: o de compreender não apenas o processo de adoecimento e a doença da pessoa, mas também esse indivíduo como um ser único e singular. É justamente dessa compreensão que deriva os processos de cuidado, tratamento e reabilitação tanto para a pessoa, quando para a doença.
No MCCP, podemos falar de quatro pilares e/ou componentes que interagem entre si. O primeiro visa diferenciar doença de adoecimento: se a doença possui observações objetivas que explicam-na, o processo de adoecimento tem um componente fundamental, que é a experiência pessoal de quem está doente. Aqui, entram os medos, a culpa, a tristeza, as ideias que “explicam” a doença, expectativa de cura e outros componentes.
No segundo pilar, temos a busca pelo entendimento da pessoa como um todo. Aqui, o profissional busca compreender o indivíduo, o contexto em que está inserido, sua família, ciclos de vida, crenças, religião, relações afetivas e outros fatores determinantes para o processo de saúde-doença.
No terceiro componente, paciente e médico tentam encontrar um “terreno comum”, ou um “acordo” que permita aos dois elaborarem juntos um plano de tratamento ou manejo dos problemas, em que constarão metas, compromissos e prioridades deste.
No quarto e último pilar, o Método Clínico Centrado na Pessoa visa intensificar a relação entre médico e paciente//indivíduo, aprimorando-a a cada encontro, e estreitando laços de confiança e troca entre os dois.
Os estudos científicos mais recentes sobre o MCCP têm demonstrado cada vez mais as vantagens da utilização desse modelo, caso você ainda não tenha apostado muito nele. Entre as vantagens encontradas no MCCP para a melhoria dos desfechos clínicos podemos citar o aumento do engajamento e parceria do paciente (e de sua família) em suas experiências no cuidado em saúde; o aumento da adesão aos tratamentos sugeridos; o papel ativo do paciente para fazer perguntas, estabelecer metas de comum acordo, obter respostas e tomar decisões sobre o tratamento e, tão importante quanto tudo anteriormente citado, o afeto positivo, a empatia e o apoio do médico.
Nesse blog, você vai ouvir falar muito sobre o MCCP. Seja bem-vindo a esse (belo) modelo clínico.