Discussão: Ela tinha o mesmo nome da minha avó

O relato versa principalmente sobre um histórico familiar de empatia. A transmissão psíquica, de fato, é um conceito psicanalítico que considera como herança familiar também tudo aquilo que se herda em termos de psique ao longo das gerações, podendo ou não ser transformado.

Kaes (2001) e Granjon (2001) referem que o principal mecanismo envolvido nesse processo é a identificação, que permite ao indivíduo a criação e a manutenção de vínculos intersubjetivos, bem como o sentimento de pertencimento na construção da própria subjetividade durante a cadeia das gerações. Pode-se avaliar tal conceito como um mecanismo inconsciente de sobrevivência, visto que urge tanto o impulso para a transmissão (KAES, 2001) quanto a susceptibilidade para admissão, e a manutenção de padrões psicológicos já conhecidos ao longo da vida.

Fica claro, então, que se trata de uma herança; válida, não transformada, resistida. E de empatia, em que a estudante foi recordada sobre si mesma e sobre a história que carrega ao reconhecer-se na paciente, trazendo uma qualidade de compreensão inestimável à consulta.

O psicólogo inglês Edward Titchener descreve a empatia como

“A capacidade de entender a perspectiva do outro”.

Na medicina, em que tudo é sobre o paciente, a empatia é uma qualidade que deve ser desenvolvida com cuidado. Isso porque é inerente à profissão escolhida a doação mental, energética e emocional àqueles que não têm a quem recorrer, a não ser a você, no adoecimento em que se encontram. Porém, não se trata de 1 outro e sim de muitos outros. E essa habilidade excepcional de partilhar o sentir para dividir a dor deve ser balanceada com a habilidade de não se perder de si enquanto trabalha para ajudar o outro.

Equipe editorial do Blog Integraliza.

REFERÊNCIAS

Granjon, E. (2001). A elaboração do tempo genealógico no espaço do tratamento da terapia familiar psicanalítica. In O. B. R. Correa (Org.), Os avatares da transmissão psíquica geracional. (pp. 17-43). São Paulo: Editora Escuta.

Kaës, R. (2001). O sujeito da herança. In R. Kaës; H. Faimberg et al. (Orgs.), Transmissão da vida psíquica entre gerações (pp. 9-25). São Paulo: Casa do Psicólogo.

SCHWELLER, Marcelo. O Ensino de empatia no Curso de Graduação em Medicina. 2014. Tese (Doutorado em Clínica Médica) – Faculdade de Medicina, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2014. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/313594/1/Schweller_Mar celo_D.pdf.