Discussão: Os batimentos de Heitor

Ficamos sem palavras para comentar um texto que expressa tamanha sensibilidade. Um procedimento simples, um ato corriqueiro, uma coisa que muitos podem considerar banal: a ausculta de batimentos cardiofetais. E Clarissa vive tão intensamente esse momento.

‌ Clarissa consegue transformar um momento banal em um momento extaraordinário, especial, único. E é exatamente isso que precisamos resgatar na Medicina: a arte de ver cada paciente como um ser único e cada Consulta como um momento único. Isso é essencial para resgatarmos a humanidade na profissão médica.

‌ Muitos sentidos podem ser dados à "humanização", mas, de forma geral, ela aparece como a necessária redefinição das relações humanas na assistência e mesmo da compreensão da condição humana e dos direitos humanos.

‌A "tecnização" da Medicina tem, de certa forma, robotizado os profissionais da área de saúde. Precisamos sempre nos lembrar que, antes de sermos médicos, somos seres humanos com a missão de cuidar de outros seres humanos.

‌ Outro ponto que chama a atenção no relato de Clarissa é a importância de vivermos cada momento como único, estando presente de corpo e alma. E Clarissa consegue fazer isso, quando "atribui significado ao instante e não apenas transita perdida pelo tempo". Quanta sabedoria despertada por um breve instante! E quanta Energia de Luz e de amor emanada naquele momento, e que seguramente foi transmitida a Heitor ‌e sua mãe.

Parabéns, Clarissa, por ter transformado um ato simples em um ato de amor.

Referência

‌Ferreira J. O Programa de Humanização da Saúde: dilemas entre o relacional e o técnico. Saude soc. 2005;14(3):111-8.