Discussão: Quando as coisas melhorarem
- integralizablog
- 28 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
Que bom que existem diversas formas de expressão! E que bom que existem pessoas com o dom de colocar em versos as suas vivências e nos presentear com coisas tão bonitas de se ler! Uma história simples e extremamente comum. O que chama a atenção é a capacidade de empatia da estudante frente à história da paciente. Somos treinados para fazer isso?
A empatia é considerada o principal atributo da humanização. Alguns autores entendem a empatia como uma característica inata difícil de ser ensinada, enquanto outros a classificam como competência comunicativa que pode ser adquirida.
Certos autores descrevem duas dimensões para a empatia clínica envolvida na relação médico-paciente: uma afetiva e outra cognitiva, esta última seria uma competência que pode ser adquirida e aprimorada por meio de experiências educativas direcionadas. Apesar dessa falta de consenso, a importância da empatia na prática clínica é bem compreendida na literatura. Ela aumenta a satisfação do paciente, melhora a adesão ao tratamento, melhora os resultados clínicos e diminui os atos de negligência profissional.
Uma ferramenta atualmente disponível para o desenvolvimento da empatia em estudantes de medicina são os programas de mentoria.
Programas de mentoria têm se mostrado estratégias para o aprimoramento da formação dos futuros médicos, com alcance em aspectos pouco contemplados nos currículos formais. Tradicionalmente, os cursos de Medicina são pautados na interação educacional entre docentes e estudantes por meio de aulas expositivas e atividades práticas. A ampliação da utilização de metodologias ativas nas escolas médicas, tais como aprendizagem baseada em problemas, trouxe para esse cenário a qualificação de diferentes funções dos mesmos atores desse processo.
Nesse contexto, Botti et al. contribuíram para o esclarecimento dos papéis atribuídos ao educador, como preceptor, supervisor, tutor e mentor. Esse autor direciona como principais características do mentor: “Guiar, orientar e aconselhar na realização dos objetivos pessoais, buscando o desenvolvimento interpessoal, psicossocial, educacional e profissional”; local de atuação: “Fora do ambiente imediato de prática profissional”, não devendo atuar como avaliador com atribuição de nota e tendo como principais requisitos: “Capacidade de se responsabilizar, de servir como guia, de oferecer suporte e de estimular o desenvolvimento do raciocínio crítico; Capacidade de ouvir, questionar e estimular justificações”.
Em um programa de mentoria desenvolvida na Universidade Federal do Triângulo Mineiro, de 2014 a 2020, a mentoria se configurou como uma potente estratégia, conduzida com flexibilidade para permear as necessidades dos educandos, direcionando-as para o desenvolvimento individual e coletivo de profissionalismo. Entre os ganhos paralelos, destaca-se o estímulo ao desenvolvimento docente, condição que exigiu receptividade à interação e reconhecimento dos saberes dos aprendizes. Por meio desta experiência, foi possível compreender que a essência da mentoria está relacionada ao vínculo e ao preparo de seres humanos para lidar com seres humanos, independentemente do papel social que estejam ocupando.
Equipe Editorial do Blog Integraliza.
Referências Bibliográficas:
Montgomery L, Loue S, Stange KC. Linking the heart and the head: humanism and professionalism in medical education and practice. Fam Med. 2017;49(5):378-83.
Kelm Z, Womer J, Walter JK, Feudtner C. Interventions to cultivate physician empathy: a systematic review. BMC Med Educ. 2014;14(1):1-11.
Batt-Rawden SA, Chisolm MS, Anton B, Flickinger TE. Teaching empathy to medical students: an updated, systematic review. Acad Med. 2013;88(8):1171-7.
Botti SHO, Rego S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis? Rev Bras Educ Med. 2008;32(3):363-73.
Teixeira LAS. Relato de experiência. Rev. bras. educ. med. 45 (Suppl 01). 2021. https://doi.org/10.1590/1981-5271v45.supl.1-20210083
Comments