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Discussão: Quando uma visita domiciliar nos faz refletir

  • integralizablog
  • 15 de abr. de 2023
  • 3 min de leitura

Muitos temas importantíssimos são notados durante a leitura da narrativa “Quando uma visita domiciliar nos faz refletir”. Nesse sentido, esta discussão visa perpassar esses temas de maneira mais calma e profunda, a fim de agregar ainda mais valor ao texto.


O primeiro ponto reside no próprio título da narrativa: a visita domiciliar. De forma a definí-la, Andrade et al. (2014) brilhantemente trazem que:

“a Visita Domiciliar é considerada a atividade externa à unidade de saúde, mais desenvolvida pelas equipes de saúde. Ela se caracteriza por utilizar uma tecnologia leve, permitindo o cuidado à saúde de forma mais humana, acolhedora, estabelecendo laços de confiança entre os profissionais e os usuários, a família e a comunidade, ampliando o acesso da população às ações da Saúde em um dos pontos de sua rede de atenção: o domicílio, a unidade residencial de determinada família”.

Sob essa perspectiva, dentre as ferramentas utilizadas, temos o acolhimento, que é considerado um tipo de tecnologia leve que se propõe a inverter a lógica de organização e funcionamento do serviço de Saúde (BRASIL, 2013). Isso nos permite ultrapassar o sentido simplista e meramente subjetivo que muitos atrelam ao “acolher”. Acolher é dar acolhida, admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito, agasalhar, receber, atender, admitir. Isso expressa aproximação… um “estar com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão, de estar em relação com algo ou alguém. Isso é de extrema importância para o exercício da Medicina, permitindo que extrapolemos o mecânico e atinjamos o essencial. Como dito por Jung (e citado algumas vezes aqui no Blog):


“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.


Além disso, outro ponto gira em torno da quebra de expectativa da autora ao se deparar com o idoso a quem estava prestando cuidado. Ela cita que ficou “admirada” em relação ao seu estado de saúde, encontrando um ser assistindo seu canal de televisão religioso predileto, muito melhor do que o imaginado, tanto fisicamente quanto mentalmente. Se partíssemos de um olhar matemático, pela Escala de Risco Familiar de Coelho e Savassi, pautada nas informações presentes na ficha de cadastro da família do Sistema de Informação da Atenção Básica, poderíamos perceber um escore de 04 pontos (03 por estar acamado e 01 pelo fato de ser maior de 70 anos), caracterizando um “risco menor” à família. Podemos inferir, então, que mesmo diante de um grande impacto físico e acamado há mais de 30 anos, o ser humano visitado não aparenta sofrimento ou mal-estar. Isso precisa ser claro para todos os estudantes de Escolas Médicas: o estado material biomédico não é o único determinante de saúde, podendo (com ênfase) ser superado por um bom cuidado espiritual, mental e de coletividade, caracterizando, assim, uma abordagem integral ao indivíduo, como bem trazido por Dias et al. (2020).


Precisamos, urgentemente, enxergar seres humanos para além da doença, como a colega conseguiu descrever com êxito. 

Equipe Editorial do Blog Integraliza.



REFERÊNCIAS


Andrade, A. M., Guimarães, A. M. D. N., Costa, D. M., Machado, L. de C., & Gois, C. F. L. (2014). Visita domiciliar: validação de um instrumento para registro e acompanhamento dos indivíduos e das famílias. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 23(1), 165-175. Publicado por Secretaria de Vigilância em Saúde - Ministério da Saúde do Brasil.


Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 2 v. : il.


Coelho FLG, Savassi LCM. Aplicação de escala de risco familiar como instrumento de organização das visitas domiciliares. RBMFC, vol. 1, número 2, p.19- 26.


DIAS, F. A.; PEREIRA, E. R.; SILVA, R. M. C. R. A.; MEDEIROS, A. Y. B. B. V. de. Spirituality and health: a critical thinking about the simbolical life. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 5, p. e52953113, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i5.3113. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/3113.

 
 
 

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