Discussão: Saúde mental e espiritualidade
- integralizablog
- 21 de jan. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de jan. de 2022
Temos ouvido falar ultimamente na relação entre saúde e espiritualidade. Porém, como o médico pode abordar a espiritualidade do seu paciente? Parece fácil, mas não é, principalmente porque, antes de tudo, precisamos estar bem resolvidos com a nossa própria espiritualidade.
Até mesmo a abordagem biopsicossocial parece algo mais fácil de ser feita porque perguntar a respeito do humor e das relações pessoais soa como algo mais palpável. Abordar a espiritualidade de alguém vai muito além disso, porque, nesse momento, temos que deixar de lado as nossas crenças (ou descrenças) e agir de uma forma neutra, apenas respeitando o que o outro tem a dizer. Sabemos fazer isso? Somos ensinados a fazer isso? Na grande maioria das escolas médicas, não.
É certo que o desenvolvimento da nossa espiritualidade não cabe apenas ao ambiente acadêmico, depende do meio em que vivemos, da família em que crescemos, da nossa formação como um todo. Porém, durante a formação médica, é essencial que a abordagem espiritual seja feita como parte da atenção integral ao indivíduo, porque inúmeras vezes essa abordagem irá contribuir de modo significativo para a melhora do quadro clínico do paciente.
Espiritualidade pode ser entendida como a busca pessoal pelo entendimento de respostas a questões sobre a vida, seu significado e relações com o sagrado e transcendente, que pode ou não estar relacionada a propostas de determinada religião. Na atualidade, ao tratar de saúde, a OMS ratifica a importância da espiritualidade ao referir que o profissional de saúde deve observar os pacientes e seus familiares em quatro aspectos: físico, psíquico, social e espiritual. Neste contexto, a literatura traz evidências acerca da relação entre saúde e espiritualidade. Koenig, em revisão sistemática, analisou estudos quantitativos de 1872 a 2010 que envolviam religião/espiritualidade e saúde física e mental. A revisão evidenciou uma relação direta da espiritualidade com bem-estar e felicidade, esperança, otimismo e autoestima. No âmbito da saúde mental, mostrou relação inversa com depressão, ansiedade e uso e abuso de substâncias psicoativas.
A abordagem da espiritualidade em cursos de saúde vem crescendo rapidamente no cenário internacional e de forma mais lenta, porém presente, no cenário nacional. Essa realidade chama a atenção para a necessidade de inclusão de disciplinas com conteúdos de espiritualidade na grade curricular das escolas médicas, de forma oficial, para que os futuros médicos abordem de forma sistemática a espiritualidade de seus pacientes, visto os benefícios que isso pode traz para a saúde integral do indivíduo.
Equipe Editorial do Blog Integraliza.
Referências Bibliográficas:
1. Koenig HG, McCullough ME, Larson DB.Handbook of Religion and Health. 2001 | Online Research Library: Questia [Internet]. Available from: https://www.questia.com/read/106205934/handbook-of-religion-and-health » https://www.questia.com/read/106205934/handbook-of-religion-and-health
2. World Heath Organization. Cancer Control Knowledge into Action - WHO Guide for Effective Programmes Palliative Care. 2007 [cited 2016 Nov 6];51. Available from: http://www.who.int/cancer/media/FINAL-PalliativeCareModule.pdf » http://www.who.int/cancer/media/FINAL-PalliativeCareModule.pdf
3. Koenig HG. Religion, Spirituality, and Health: The Research and Clinical Implications. ISRN Psychiatry [Internet]. 2012 [cited 2016 Nov 6];2012:1–33. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23762764 » http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23762764
4.Koenig HG. Medicina, religião e saúde - O Encontro da Ciência e da Espiritualidade [Internet]. 1st ed. Porto Alegre: L&PM Editores; 2012 [cited 2018 Mar 20]. 236 p. Available from: http://www.lpm.com.br/site/default.asp?Template=../livros/layout_produto.asp&CategoriaID=615261&ID=492220
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