Discussão: Sinais
- integralizablog
- 28 de mai. de 2021
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No século da comunicação virtual, quando o mundo se conecta à distância inimagináveis, vemos como temos muito a aprender nas relações humanas, e quando se fala de habilidade de comunicação os desafios só se ampliam e exige dos profissionais, principalmente da saúde, se debruçar com situações onde toda tecnologia no momento não supre as necessidades como a vivida pelo estudante de medicina ao atender essa paciente.
Temos inclusive uma linguagem construída para facilitar a conversação com pessoas portadoras de deficiência auditiva e muda (LIBRAS - linguagem brasileira de sinais), mas ainda assim o analfabetismo verbal e não verbal ainda não nos permite transpor as barreiras que existem, para que essa comunicação aconteça de forma plena. Mitigar a barreira de comunicação, muitos trabalhos realizados com enfermeiros por exemplo, apontam que 83,8% não sabiam comunicar-se com deficiente auditivo, e 96,5% não sabiam se comunicar em Libras, e toda tentativa se dá com gestos e escritas, fala e gestos, ou seja utiliza gestos e mimica para tentar a comunicação. (Marquete,2018).
Só o afeto, a paciência e o desejo intrínseco dos profissionais, da família, em querer ajudar permitem o avanço no cuidado de pessoas limitadas pela imposição feita pela sociedade para os portadores de deficiência, seja ela qual for.
Muitos foram as frentes de lutas, contudo apesar de tudo que já foi conquistado, ainda nos deparamos com outros osbstáculos ainda que os avanços existam para conquista do espaço de direito das pessoas portadoras de deficiência auditiva, por exemplo.
A paciente pela idade, nasceu num período que as conquistas ainda eram insidiosas e com certeza não teve acesso, por exemplo ao teste da orelhinha e o BERA para detectar precocemente essa deficiência, e desde cedo a família poderia ter sido orientada para permitir que essa pessoa pudesse se comunicar à medida que se desenvolvia, principalmente através da linguagem dos sinais, estendendo para toda família inclusive o aprendizado, realizar terapia fonoaudiologia. A terapia auditiva ajuda o paciente a ter o máximo de desempenho com a amplificação sonora. Deve ser feita, preferencialmente, por fonoaudiólogo especialista em radiologia. A utilização de meios telemáticos em especial o correio eletrônico, no processo de comunicação e interação entre crianças e jovens surdos é outro conquista, entre outros possibilidades.
Além dos avanços tecnológicos que podem restabelecer a audição, com implantes coclear, próteses auditivas, e outros recursos que vem sendo desenvolvidos, pois antes toda e qualquer surdez não tinha chance de reversibilidade, hoje algumas pode ter tratamento. Crianças nascidas com surdez ou que perderam a audição antes de aprenderem a falar podem ser ajudadas com algumas modalidades de tratamento como: aparelhos auditivos comuns (Aparelhos de Amplificação Sonora Individuais – AASI); aparelhos auditivos implantados cirurgicamente, como os Implantes Cocleares (Ouvido Biônico) e as próteses auditivas osteoancoradas (BAHA, Ponto ou Bonebrigde).
Outro aspecto desta impactante narrativa é ao aspecto trazido pelo estudante da correlação dos sinais (manifestações patológicas) do corpo denunciando o que a paciente manifestou pelo seu silêncio verbal.
A Ligação cérebro-mente tem sido já tema de inúmeras pesquisa que só corroboram que por trás de toda doença, a mente do indivíduo fala o que as palavras não puderam dizer, a linguagem do corpo precisa ser também alvo de aprofundamento na formação dos profissionais da saúde, não se admite mais negar essa associação, o negacionismo só mostra que o paradigma cartesiano ainda é muito forte na academia, que defende a separatividade do corpo, mente e espirito.
“Através da linguagem, o homem estrutura seu pensamento, traduz o que sente e quer, registra o que conhece, comunica-se com os outros homens, produz significação e sentido. A linguagem marca o ingresso do homem na cultura, construindo-o como sujeito capaz de produzir transformações nunca imagináveis.”
(Santarosa, Lara, 1996)
Equipe Editorial do Blog Integraliza.
Referências Bibliográficas:
Marquete VF, Costa MAR, Teston EF. Comunicação com deficientes auditivos na ótica de profissionais de saúde. Rev baiana enferm. 2018;32:e24055.
FERNANDES, Eulália. (1990). Problemas Lingüísticos e Cognitivos do surdo. Rio de Janeiro.
FACURE NO. Muito além dos neurônios. São Paulo: FE Editora Jornalística Ltda- 2002.
Bergen-Cico D, Possemato K, Cheon S. Examinar a eficácia de um breve Mindfulness-Based redução do estresse (Breve MBSR) Programa de saúde psicológica. American College of Health. 2013 Aug; 61(Issue 62013):348-360.
Bond AR, Mason HF, Lemaster CM, Shaw SE, Mullin CS, Holick EA, Saper RB. Embodied health: the effects of a mind-body course for medical students. Med Educ Online.
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