O ingrediente principal
- integralizablog
- 17 de mar. de 2023
- 3 min de leitura
Certa vez, ouvi do padre: “A missa começa quando você ainda está em casa se arrumando”. Não sei por que, mas tomei posse disso pro encontro de hoje na USF. Logo cedo, o despertador já alarmou com música – como sempre. A da vez hoje foi “Dona da minha cabeça”, de Geraldo Azevedo. Ahhh, uma música! Acredito que tudo fica muito mais fácil com música. Afinal, os melhores momentos da vida são vividos com ela, não é mesmo?
E então, levanto, escovo dos dentes, tomo banho e preparo meu café da manhã, que, por sinal, parecia ter um gosto a mais. Mas como?! Faço o check-list. Macaxeira, ovos, banana e aveia. Tudo ok. Tudo pela ordem (do nutricionista). No entanto, parecia ter um ingrediente a mais ali, o da gratidão. Não por uma coisa específica ou alguém, mas a tudo. Está aí a receita pra o dia dar certo: música, café da manhã e gratidão. Tudo fica mais fácil depois disso (inclusive as laudas e laudas do que precisávamos estudar pros atendimentos de hoje).
Ao meio-dia, o almoço. Ele também não estava lá essas coisas todas, mas também teve seu diferencial... Aquele. Mas eu tinha que correr. As horas passam voando. Meu Deus! Já é 12h10min! Preciso tomar banho, me arrumar... (E é claro que com música).
Enfim, estou pronto! Dessa vez, vou ter carona. E então, parece que aquele ingrediente se faz presente além das refeições.
Chegando na USF, em pleno meio-dia, no calor lancinante da cidade, ser grato é mais que uma qualidade. É um desafio. Mas continuo firme.
E eis que nossa professora nos acolhe. O sorriso dela em pleno meio-dia da cidade demonstra que também ela é uma vencedora. E até mais que a gente, afinal ela é a personificação da voz da experiência. Mas espere?! Sorrindo? Como assim? “A professora deveria dar o exemplo. Estar sem máscara em plena pandemia já sério, ainda mais ali, atendendo pessoas”. É o que você deve estar pensando, não é mesmo? Mas quem disse que ela não estava? Releia o texto se precisar, porque eu mesmo não falei isso. O que eu falei era que ela estava sorrindo e o sorriso não precisa estar necessariamente nos lábios pra ser percebido. E pra isso, existe um certo ingrediente que ajuda a perceber (e eu nem preciso dizer o qual).
Fizemos as discussões iniciais sobre o assunto, que, por sinal, era sobre alimentação, e partimos pra nossa sala pra receber nossa paciente, D. Joelma (fictício). Ah, D. Joelma! Quanta paciência numa pessoa só! Se existiu no mundo paciente mais colaborativa, eu mesmo desconheço. Problemas? Todos nós temos! Mas eu te garanto que metade deles (ou até mais que isso) a gente pode resolver com alimentação, que não precisa ser restrita, nem cara, nem muito menos exótica. Mas equilibrada. E se quiser incrementar...
E enfim, parece que a missa tinha acabado. (Ou talvez ela só tenha começado. Não sei). D. Joelma se despede, com encaminhamentos, solicitações e receitas, e com um sorriso no rosto que nos faz recordar do porquê estamos ali. Do porquê somos gratos (ou deveríamos ser). Ou melhor, do porquê escolhemos ESTAR ali.
Dentro do consultório, você esquece um pouquinho de você. Não é que você esteja perdendo sua identidade ou ainda que os problemas estejam deixando de existir, mas sim porque, naquele momento, existe alguém precisando de ajuda. Precisando de você. E se você estiver ali pelas razões certas, vai fazer o possível e o impossível pra tentar ajudar. Curar? Nem sempre. Aliviar? A maioria das vezes. Mas consolar e esperançar? Sempre. É pra isso que eu estava ali. Que todos nós estávamos, inclusive a “voz da experiência”. E é justamente sabendo disso, que não existe outro sentimento no mundo que possa significar mais aquele momento senão ele: o da gratidão.
Obrigado, Deus! Obrigado, UFS! Obrigado, professora! Obrigado, colegas! Obrigado D. Joelma! Obrigado. Obrigado. Obrigado... Ou melhor, gratidão!
Aike
❤️
Meu texto favorito até agora <3