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Quando as coisas melhorarem

  • integralizablog
  • 7 de jan. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 15 de jun. de 2023

Interessante refletir que na noite de domingo fiquei imaginando como seria o meu primeiro atendimento como estudante de Medicina e o quanto havia me preparado para isso. Anos “tecendo” anamnese e exame físico acabei deixando algumas formas de escritas de lado, mas naquela manhã de segunda-feira após a consulta de Dona Maria uma paixão antiga lá dos tempos do colégio reviveu em mim por isso, escrevo está narrativa em forma de versos.


Estetoscópio, esfigmomanômetro, prancheta, caneta, termômetro, fita métrica, oxímetro, jaleco bem passado e dobrado, revisão dos conteúdos em dia.

Essa é a medicina que seu paciente queria?

Anamnese, exame físico, plano educacional, diagnóstico e terapêutico.

Isso diz tudo a seu respeito?


Dona Maria, 70 anos, mãe de 03 filhos, cuidou de dois e o terceiro lhe tiraram.

Essa é a vida injusta dos não afortunados.

Trabalhou na roça e em casa de família com esperança

Para dar a seus filhos uma melhor infância.


Mas como toda história de mãe o roteiro se repete...

E é com muita tristeza que ela refere:

Quando as coisas melhorarem.

Quando as coisas melhorarem.


Quando as coisas melhorarem eu compro uma roupa para mim.

Quando as coisas melhorarem eu cuido de mim sim.

Quando as coisas melhorarem vou passear.

Quando as coisas melhorarem quero ver o mar.


Mas antes de tudo melhorar

Meus filhos precisam se alimentar,

Estudar,

Brincar.


Mas antes de tudo melhorar

Em meus filhos primeiro tenho que pensar,

Planejar,

Criar.


Quando as coisas melhorarem eu penso em mim.

Pelo menos eu planejava assim.

E hoje eu me pergunto enfim...

Quando as coisas melhorarem alguém cuidará de mim?


O tempo passou.

Todo mundo se criou.

Os filhos decidiram minha casa deixar para na cidade grande trabalhar

Com a promessa de um dia voltar.

Como mãe espero com paciência

Por meus filhos e suas ausências,

Mas digo com antecedência

Que sou grata por todas as suas ascendências.


Enquanto isso sigo aqui...

Sozinha e ansiosa.

Com dores de coluna e por todo o corpo

Resultantes de uma jornada com desconforto.


Enquanto isso, na minha vida triste

Penso se o sentido da vida existe.

Para ver se ela resiste

E eu possa dizer com emoção que as coisas melhoraram.



Autoria: Jamylle Catarina Passos Carregosa



Você já presenciou ou vivenciou alguma situação parecida? O relato acima te despertou algum sentimento que você gostaria de dividir conosco?

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