Discussão: E se...
- integralizablog
- 6 de fev.
- 3 min de leitura
O relato começou com a euforia de um estudante de medicina do segundo ano indo acompanhar mais um plantão no HUL (Hospital Universitário de Lagarto). O estudante narra um plantão que se mostrava dentro de todos os padrões de normalidade. Por isso, nesse começo do texto chama a atenção o fragmento no qual o autor cita que a paciente do caso era “mais uma que não era diferente dos demais”. Ou seja, seria apenas mais um caso ortopédico de fratura no qual uma intervenção cirúrgica simples resolveria a vida da paciente e tudo ficaria bem e a vida, assim como o plantão, seguiria normal.
Porém, como não havia ninguém para realizar a cirurgia no HUL, foi preciso solicitar a transferência da paciente para o HUSE (Hospital de Urgência de Sergipe), com a promessa de que a SIMPLES cirurgia ortopédica seria feita imediatamente. A palavra simples foi utilizada em caixa alta propositalmente, justamente para argumentar que a medicina é uma ciência imperfeita e incerta. Porque mesmo que o médico-cirurgião do HUSE tivesse a técnica perfeita para realização daquela SIMPLES cirurgia, ainda assim ele iria estar lidando com a possibilidade de dar errado e iria ter que lidar com todas as consequências desse erro, afinal, ele estaria lidando com uma vida.
Ou seja, nesse sentido, podemos interpretar que aquela paciente antes vista como “apenas mais uma”, evoluiu diferente da maioria das pacientes que possuíam o mesmo problema que ela, afinal, a maioria das outras pacientes com uma SIMPLES fatura geralmente conseguem realizar o tratamento e seguem com a vida normal. Mas esse não foi o caso da paciente do relato apresentado, já que infelizmente ela ficou vários dias à espera da SIMPLES cirurgia e acabou pegando uma infecção hospitalar que a levou a óbito.
Nesse caso, ficou mais explícito ainda que a vida não segue um roteiro e que imprevistos infelizmente acontecem. Alguns vão dizer que a paciente não teve sorte, outros vão dizer que já era a hora da sua partida…Mas isso é impossível de saber. Casos como esse servem para refletirmos sobre várias questões, vai depender do ponto de vista de quem está refletindo, afinal, somos seres e espíritos únicos.
Podemos refletir sobre o nosso papel enquanto profissional de saúde para evitar que situações como essa aconteçam, evitando nesse ponto de vista, a longa espera pela cirurgia e aumentando consequentemente as chances de sobrevivência da paciente. Mas também podemos refletir sobre a morte e o seu papel transformador na vida de todas as pessoas à sua volta.
Porque antes de olharmos para a morte como uma vilã que nos rouba pessoas para sempre, é preciso entender o seu papel como agente transformador da nossa realidade, pois, somente a morte pode nos ensinar sobre o valor do tempo e a importância de viver no presente, para podermos priorizar o que realmente importa em vida.
O estudante de medicina que soube da morte dessa paciente apenas tempos depois, já não é mais aquele que achava que aquela senhora era apenas mais um caso da ortopedia, a morte o sensibilizou. E a lição que fica é que possamos nos sensibilizar na morte, mas também na vida, para evitar suposições sobre o que poderíamos ter feito.
E no final…Todas as incertezas de um estudante são válidas em um caso como esse, já que a vida não é SIMPLES e infelizmente o tempo não volta. Que possamos aprender a lidar melhor com o nosso tempo e que com isso possamos tentar fazer melhores escolhas.
Atenciosamente,
Equipe Editorial Integraliza.
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