Discussão "Escutando com humanidade: Quando a medicina se encontra com a empatia"
- integralizablog
- 20 de mar.
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A crônica nos transporta para além das paredes brancas de um consultório médico e nos coloca diante de uma questão fundamental: estamos, de fato, ouvindo aqueles que nos procuram ou apenas escutando seus sintomas? A jovem estudante de medicina, ao compartilhar sua experiência, nos dá uma aula não apenas sobre diagnóstico, mas sobre humanidade – uma qualidade que, lamentavelmente, parece cada vez mais rara na prática clínica. O episódio narrado é um retrato do que deveria ser a essência da medicina: olhar para o paciente como um ser humano completo, e não apenas como um conjunto de sinais clínicos. A atitude do colega de sala em perceber uma queixa espontânea e agir é louvável, mas o verdadeiro ensinamento vem da professora, que enxergou além da dor física e questionou uma possível insegurança alimentar.
E aqui chegamos ao ponto central dessa reflexão. Quantos médicos, no dia a dia, limitam-se a tratar exames laboratoriais e diagnósticos de prontuário, esquecendo que cada paciente carrega consigo uma história, uma realidade, um contexto social? A medicina, que deveria ser a mais humana das ciências, frequentemente se torna fria, burocrática, desumanizada. Não é raro ouvirmos relatos de pacientes que passam por consultas que duram poucos minutos, onde o médico mal levanta os olhos do computador. Não é incomum ver profissionais que se especializam tanto em doenças que desaprendem a lidar com doentes. O conhecimento técnico, por mais avançado que seja, não substitui o olhar atento, a escuta ativa, a empatia.
No Brasil, onde a desigualdade social ainda dita quem terá ou não acesso à saúde de qualidade, a integralidade do atendimento não pode ser um mero conceito teórico. A pergunta feita pela professora deveria ser uma rotina, não uma exceção. E não apenas por médicos, mas por toda a sociedade. O relato da estudante nos lembra que a medicina não é apenas uma ciência, mas também uma arte – a arte de ouvir, de compreender, de enxergar além dos sintomas. Se quisermos formar médicos melhores, precisamos ensinar que um estetoscópio no pescoço não faz um profissional mais do que um olhar atento e um ouvido sensível. Porque, no fim das contas, um bom médico não é aquele que apenas cura doenças, mas aquele que faz a diferença na vida de quem sofre. Afinal, escutar com humanidade pode ser um gesto simples, mas o impacto que ele causa é extraordinário.
Atenciosamente,
Equipe Editorial Integraliza.
Puxa que discussão perfeita , diria que o editorial desse blog, está indo a fundo a trazer percepção que muitas vezes passa desapercebida pelos que estão no alto de uma montanha com uma luneta querendo ver a montanha, e ela está a seus pés, e ele não ver, porque olha buscando o que está longe, ao invés de olhar para si mesmo, onde está, e o que está fazendo. Se agirmos assim, olhando para nós e vendo o outro (paciente ou não ) , e se colocando no lugar desse , seremos verdadeiros seres humanos buscando cuidar de outros ser humano !!