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Discussão: Mãe

  • integralizablog
  • 22 de jan. de 2023
  • 3 min de leitura

A primeira ideia que nos vem à cabeça com a leitura dessa narrativa é “empatia”. A capacidade da estudante de se colocar no lugar da mãe desesperada com a doença do filho e a sua provável evolução. A narrativa deixa transparecer também a sensação de impotência diante de uma situação em que não podemos fazer muita coisa além de apoiar o paciente e sua família.

Como lidar com situações assim? Seria ótimo se existisse um manual de conduta médica ensinando como nos portarmos diante de situações como essa. Mas infelizmente esse manual não existe.


O termo empatia foi pioneiramente utilizado dentro da prática médica em 1918, por Elmer Ernest Southard, como instrumento facilitador de resultados diagnósticos e adesão terapêutica. Na literatura atual, existem diferentes abordagens de seu significado, o que é mostrado por Stepien et al. ao considerarem a empatia como multidimensional no contexto clínico e ao descreveram-na como a habilidade de imaginar os sentimentos do paciente (dimensão emocional), a motivação pessoal de ser empático (dimensão moral), a capacidade de identificar e entender as reações do paciente (dimensão cognitiva) e, por fim, a técnica de transmitir ao paciente essa compreensão (dimensão comportamental).

Os benefícios de integrar a empatia à prestação de cuidados centrados na pessoa incluem melhor satisfação do paciente e adesão dele ao plano terapêutico, com redução da ansiedade e melhoria da capacidade de coping em relação à própria situação; menores níveis de burnout nos profissionais da saúde, além da construção de melhores anamneses e, consequentemente, do estabelecimento de diagnósticos mais acurados, de modo a proporcionar melhores resultados clínicos.

Em razão da crescente preocupação com a desumanização da medicina, a intervenção médica que busca a integralidade do cuidado surge como um contraponto ao mostrar a empatia como um de seus principais pilares para o estabelecimento de uma relação médico-paciente efetiva e que esteja em confluência com o conceito de saúde adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1948, sendo uma importante competência a ser trabalhada dentro do currículo médico.

Estudos demonstram ser possível ensinar competências empáticas aos estudantes, ao estimular o reconhecimento das próprias emoções, a boa receptividade ao feedback negativo e a atenção à linguagem usada, seja verbal ou não verbal. Com o propósito de reforçar a importância da integração desses programas no currículo médico, uma revisão sistemática listou diferentes propostas intervencionistas, que incluíam a exploração do campo artístico com uso de teatro, literatura, cinema e interpretação de imagens; reflexões grupais ou individuais sobre a consulta médica; cursos e workshops focados em comunicação empática; e estímulos à prática de entrevistas com pacientes reais ou virtuais. Com base nesses recursos, constatou-se que é possível a manutenção ou o aumento da empatia.

As escolas médicas, muito mais que formadoras de profissionais tecnicamente competentes, necessitam trabalhar habilidades e competências, em especial a empatia, desde a graduação, entre os colegas, equipe e na relação médico-paciente, em busca da integralidade do cuidado.


Equipe Editorial do Blog Integraliza.


Referências bibliográficas:

Hojat M. Empathy in health professions education and patient care. New York: Springer International; 2016.


Mufato LF, Gaíva MAM. Empatia em saúde: revisão integrativa. Rev. Enferm. Cent-Oeste Min. 2019;9:e2884.


Stepien KA, Baernstein A. Educating for empathy. A review. J Gen Intern Med. 2006 May; 21(5):524-30.


Derksen F, Bensing J, Lagro-Janssen A. Effectiveness of empathy in general practice: a systematic review. Br J Gen Pract. 2013;63(606):e76-84.


Moura EP, Moura TP, Cordeiro JC, Chaves TF, Peixoto AB, Peixoto JM. Estratégias atuais utilizadas para o ensino da empatia na graduação médica: revisão sistemática. Revista Eletrônica Acervo Saúde. 2021;13(2):e6374 [acesso em 12 jul 2021]. Disponível em: Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/6374

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