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Sensações de um acadêmico

  • integralizablog
  • 12 de dez. de 2024
  • 2 min de leitura

Era fim do 3º Ciclo do curso de Medicina. Todo o ciclo acabou sendo prejudicado pela pandemia da COVID-19, tivemos as aulas de maneira remota, mas faltavam as práticas... Um ciclo que se estendeu, pela necessidade, por quase dois anos. A teoria estava passada, mas sentimos muita falta da prática. A associação entre elas é muito importante. E chegou o momento, hora de colocarmos em ação aquilo que nos dedicamos durante todo esse tempo. Mas junto com a ansiedade para as práticas nas UBS, também tínhamos uma carga emocional acumulada durante todo esse período de pandemia, e a dúvida: como será a troca de vivências com nossos pacientes? Abstrairemos os problemas deles, ou serão acumulados aos nossos?


O primeiro paciente sempre é o mais aguardado. É nele que nossa angústia e ansiedade está depositada. No meu caso, em um rapazinho de 10 anos com dificuldade de engolir pois sentia a garganta arranhar. Fazia acompanhamento médico por suspeita de TDAH, ainda sem laudo. Acompanhado da mãe, o rapazinho foi explicando seu atual problema, descrevendo claramente cada detalhe, e a mãe ajudava apenas em algumas intermediações necessárias. Ouvir o termo ‘doutor’ pela primeira vez de alguém que se referia a mim, depositando sua confiança de ficar melhor, foi gratificante. Aos poucos, o peso da responsabilidade de liderar um atendimento era compartilhado com os três colegas que assistiam, com a professora que dava suporte, e até mesmo com o próprio paciente e a mãe, que ajudaram a consulta a passar tranquilamente, e de maneira leve...


Nos dias seguintes, os atendimentos continuaram, mas aquela sensação pesada já não era mais tão pesada assim. A sensação de ser um médico vai, aos poucos e cada vez maior, se tornando realidade. A angústia vai, de atendimento em atendimento, se transformando em confiança. A ansiedade, em dedicação. A insegurança, em responsabilidade. Meu paciente, de apenas 10 anos, nunca saberá o quão estava nervoso naquele dia. E o quanto ele me tranquilizou, e foi importante para minha sequência acadêmica. Naquela tarde, pude sentir que nossa profissão vai além de ‘dar’, e está mais relacionada com o ‘trocar’.


Franclin Chaves Menezes

 
 
 

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